012. A afetividade ordenada e o domínio de si
Nesta newsletter exclusiva, vamos ver como as noções de autocontrole, autoconhecimento e autodomínio nos ajudam a pensar sobre a educação dos afetos.
Esta é uma newsletter exclusiva para os assinantes do grupo de estudos Educação e Formação da Pessoa.
As newsletters exclusivas são intercaladas às newsletters gratuitas, que tratam de temas mais gerais ligados à educação e à cultura. Se você já está inscrito no grupo exclusivo, o texto seguirá sem interrupções. Se ainda não fez o upgrade, em algum momento da leitura será convidado a fazê-lo. Para isso, basta clicar no botão subscribe e escolher a sua modalidade de assinatura (mensal ou anual). Ficarei muito feliz caso você decida hoje mesmo fazer parte do nosso grupo de estudos e receber os meus textos sobre educação de crianças em sua caixa de e-mails. Realizada a assinatura, você terá acesso não só a todas as newsletters, vídeos e áudios exclusivos já compartilhados, mas também passará a contar com a minha orientação em seus estudos e dúvidas sobre educação.
* * *
Ao tratar da noção de afeto na newsletter anterior (012), defini afetividade como o sistema resultante do modo como os afetos estão organizados em nosso psiquismo. Ao entrarmos, porém, na discussão do que seria uma afetividade bem organizada, bem constituída, a coisa se complica um pouco. Isso porque, quando passamos a falar da afetividade em termos valorativos, extrapolando a mera descrição de seus mecanismos ou de sua configuração em um dado momento da vida de uma pessoa, entramos necessariamente no terreno da moralidade. Assim, não há como avaliar se a afetividade de uma criança está sendo bem organizada ou bem formada se não tivermos clareza a respeito da finalidade que atribuímos a ela. Bem organizada em relação a quê?
Provisoriamente, eu diria que uma afetividade bem organizada é aquela que nos permite viver bem, ter uma vida boa, do ponto de vista de nossa capacidade psicológica de lidar com a realidade e de nos relacionar com os outros. Mas, o que seria uma vida boa? Ao tentar responder essa pergunta, entram em cena os nossos princípios e valores.
Qualquer avaliação a respeito do que seria uma afetividade bem constituída partirá, necessariamente, de um conjunto relativamente bem definido de critérios morais. A reflexão que apresento aqui é norteada por uma concepção de pessoa em que sobressai a capacidade para viver uma vida pautada pelos valores da bondade, da verdade e da justiça. E no centro dessa concepção está a noção de autodomínio.
* * *
A educação da afetividade de uma pessoa começa no dia do seu nascimento e terá a duração de uma vida inteira. A meta é o desenvolvimento de habilidades e qualidades que a tornem capaz de exercer o autodomínio; se não o autodomínio absoluto, que me parece praticamente impossível, pelo menos um grau de autodomínio que lhe permita viver uma vida comprometida com os valores que já explicitei. Mas o que seria exatamente o autodomínio?
Uma pessoa possui autodomínio quando é capaz de compreender os seus estados afetivos, identificar com clareza as suas motivações, controlar a sua vontade e assumir a responsabilidade por suas ações. Isso tudo no maior grau possível, porque, como eu já disse, o autodomínio pleno é uma meta a ser perseguida e não um ponto de chegada passível de ser alcançado. De uma pessoa, podemos dizer que possui um grau maior ou menor de autodomínio. E aquela sem nenhum autodomínio poderá passar toda uma existência produzindo farsas a respeito de si mesma, responsabilizando os outros pelos seus fracassos, criando subterfúgios para não encarar as suas próprias fragilidades e limitações.
Perseguir a meta do autodomínio nos dá matéria permanente e inesgotável para a autoeducação. É um trabalho para toda a existência. Jamais conseguiremos atingir o pleno autodomínio porque não temos sequer o conhecimento de todos fatores que influenciam as nossas ações e reações. Há forças, dentro e fora de nós, que realmente desconhecemos, mas que nos impelem a agir de modo contrário ao que desejaríamos.
O meu propósito nessa série de newsletters sobre a educação da afetividade é refletir sobre as bases educacionais da construção da capacidade de autodomínio; bases que são lançadas durante a infância e a adolescência. De acordo com a hipótese que pretendo desenvolver aqui, a conquista do autodomínio seria o resultado de uma afetividade bem formada, aliada a uma inteligência bem desenvolvida.
Keep reading with a 7-day free trial
Subscribe to Conversas Sobre Educação e Cultura to keep reading this post and get 7 days of free access to the full post archives.