014. O lugar da virtude na formação da criança
Nesta newsletter exclusiva do Grupo de Estudos sobre Educação e Formação da Pessoa, trataremos da história do conceito de virtude e de sua relação com a educação moral.
Na última newsletter, falávamos sobre o discernimento moral. Hoje começaremos a falar sobre a ação moral. Mais especificamente, sobre os recursos que uma pessoa precisa desenvolver para aumentar as suas chances de se comportar da maneira desejável, adequada, correta.
Já vimos que a formação moral de uma criança é definida pelo desenvolvimento de duas capacidades relacionadas, porém distintas: a primeira é a capacidade de discernir entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto, diante de cada situação que a vida lhe apresenta; a segunda é a capacidade de conduzir a sua vontade de modo a agir em conformidade com o discernimento que ela já construiu e consolidou. Temos, portanto, de um lado, o juízo moral; de outro, a ação moral. Não se deve esperar da criança que esteja pronta para discernir e agir em todas as situações, pois esse é um processo que leva tempo. Na verdade, a própria base neurofisiológica desse processo não se consolida antes do início da terceira década de vida. Porém, como educadores e representantes da cultura na vida da criança, precisamos fazer a nossa parte. Já falamos sobre essa responsabilidade em newsletters anteriores.
A capacidade de discernir, ou o juízo, nasce do conhecimento e da integração de princípios e valores morais à nossa personalidade. Já a capacidade de adequar o nosso comportamento aos princípios e valores internalizados nasce do exercício habitual de conduzir a vontade no caminho apontado pelo juízo. A criança precisa, desse modo, receber instruções e orientações a respeito do que é correto, justo e verdadeiro e, ao mesmo tempo, ser permanentemente estimulada a se comportar como convém. O hábito de agir corretamente deve lhe ser estimulado até que ela própria seja capaz de conduzir de maneira autônoma o seu processo de formação. E isso vai exigir esforços cotidianos não só por parte dela mesma, mas também por parte do educador
Antes de prosseguir, vale a pena o nosso conceito de educação, aquele que apresentei na primeira newsletter, pois ele confere sentido maior e mais profundo a tudo o que estou dizendo aqui:
“Educar uma criança não consiste em dominar a sua natureza e moldá-la de acordo com expectativas previamente determinadas. Consiste, isso sim, em conduzi-la, gentilmente, para a frente e para o alto, ou seja, para o melhor de si mesma.”
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