013. Discernimento e vontade: os dois aspectos da educação moral
Nesta newsletter exclusiva do grupo de estudos sobre Educação e Formação da pessoa, vamos iniciar a nossa conversa sobre a educação moral. Como conduzir a vontade da criança na direção do Bem?
Na perspectiva do conceito de educação que formulamos em nossa primeira newsletter, educar uma criança é sempre, em última instância, conduzi-la na direção do Bem. A pessoa bem formada é aquela que idealiza o Bem como referência para cada uma de suas ações e esforça-se permanentemente para alcançá-lo, a despeito das dificuldades e tropeços. Para idealizar o Bem, ou seja, para estabelecê-lo como um ideal de vida, é preciso identificá-lo, saber o que ele é, onde ele está. E a parte do educador nesse processo é transmitir à criança um conjunto sólido de princípios e valores que funcionem como um quadro de referências morais.
A criança nasce com boas e más inclinações, mas a inclinação para idealizar o Bem, para torná-lo um ideal consciente de vida, é formada principalmente a partir dos exemplos e preceitos que lhe são transmitidos pelos adultos com os quais ela convive. Eventualmente, os coleguinhas também podem influenciar o comportamento das crianças. Mas a responsabilidade de colocar a criança no caminho do Bem é exclusivamente dos adultos cuidadores: pais em primeiro lugar, outros parentes e os professores em seguida.
O que queremos para os nossos filhos, e também para nós, é uma vida iluminada pela virtude. Não basta, porém, levar a criança a uma percepção cada vez mais nítida do que é o Bem para que possa idealizá-lo em cada uma de suas ações. É preciso ajudá-la a desenvolver recursos internos para tentar se manter sempre em linha reta. Sabemos o quanto esse caminho é árduo e cheio de dificuldades. Sabemos que o vício também é parte da natureza humana, e que ele estará sempre à espreita, à espera de uma brecha para se estabelecer. Somos permanentemente animados por forças internas que nos impelem na direção oposta àquela onde queremos chegar. E os erros da criança, que serão muitos, devem servir de contexto para que reafirmemos para ela os nossos princípios e valores. E também para que reforcemos a nossa atenção e o nosso cuidado, ou seja, o nosso comprometimento com a sua formação.
É preciso, realmente, ter muita força para andar sempre no caminho do Bem. Aquela força psíquica que costumamos chamar de força de vontade, e que se expressa em situações tão variadas como a de não desistir de uma tarefa fácil, de fazer sacrifícios para ajudar alguém em dificuldade, de abster-se de participar de uma fofoca, de controlar nossos apetites quando eles vêm for a de hora…E é aqui que entra a educação da afetividade. Uma pessoa afetivamente bem organizada, relativamente consciente de suas emoções e dos gatilhos que as deflagram, bem como da necessidade de refrear a sua expressão em certos contextos específicos, estará sempre em posição mais vantajosa quando tiver que decidir entre se comportar bem ou mal. Nesse sentido, a educação da afetividade deve ser vista como uma parte muito importante da educação moral. Mas vamos ver isso com calma. Antes de esclarecer exatamente de que modo desenvolvimento afetivo e desenvolvimento moral se conectam, precisamos esclarecer o que estou definindo como desenvolvimento moral.
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