001. Sobre educar e ser educado

Nesta primeira newsletter exclusiva do grupo de estudos Educação e Formação da Pessoa, vamos estabelecer um conceito fundamental.

Esta é a minha primeira newsletter exclusiva sobre educação e formação da pessoa. Se você já está inscrito, o texto será disponibilizado sem interrupções. Se ainda não fez o upgrade para participar do grupo, em algum momento da leitura será convidado a fazê-lo. Ficarei muito feliz caso decida se juntar a nós hoje mesmo. Porém, se ainda não for dessa vez, você continuará recebendo as minhas crônicas e ensaios sobre arte e cultura pela lista de assinatura gratuita.

A newsletter exclusiva sobre educação e formação da pessoa é para aqueles que se interessam por esse tema e desejam aprofundar os seus conhecimentos. E o interesse pode ter muitas motivações. Talvez você queira adquirir mais segurança para conduzir a educação de seus filhos; talvez a sua curiosidade seja puramente intelectual; ou talvez você queira rever e passar a limpo o seu próprio processo de formação pessoal, aparando as arestas. Ou, quem sabe, você seja mobilizado por tudo isso ao mesmo tempo.

Pois bem, o que importa é que você está no lugar certo. Não tenha dúvidas de que as suas expectativas serão atendidas. Os textos que você vai ler nessa newsletter são o resultado de um trabalho sério e constante, ao qual venho me dedicando há cerca de uma década de atuação nas redes sociais. A maioria das pessoas que seguem perfis de educadores o fazem porque querem receber dicas e fórmulas prontas, e eu não acredito nesse tipo de abordagem. O meu objetivo sempre foi produzir e compartilhar um conhecimento esclarecedor e inspirador mas que seja compatível com as circunstâncias e a realidade de cada família, de cada escola, de cada pessoa. E se você quer estudar e refletir junto comigo, para colocar esse conhecimento a serviço da sua vida e da vida daqueles de quem você cuida, é para você que escrevo essa newsletter.

Aqui, vamos conversar, sobretudo, sobre o processo de formação moral da pessoa, e isso vai nos exigir uma atenção especial às dimensões cognitiva e afetiva da educação. Essas são as dimensões que dizem respeito, respectivamente, ao modo como a pessoa compreende o mundo e reage a ele (nesse último caso, interna e externamente). Os conceitos relevantes – afetividade, cognição, moralidade, pessoa – serão detalhados no momento oportuno. Vamos discuti-los à luz da psicologia, da filosofia, da antropologia, da história e também da literatura. Mas hoje começaremos discutindo o conceito mais básico de todos, sem o qual não seria possível nem mesmo começar a conversa: o conceito de educação.

A educação da criança é o começo de tudo. Por exemplo: se você, hoje, está reavaliando a sua própria educação, precisará inevitavelmente refletir sobre o modo como seus pais e professores a conduziram, as influências que recebeu, as expectativas que foram criadas a seu respeito, as possibilidades de escolha que lhe foram apresentadas. Tudo começa lá, na mais tenra infância. Mas o que é, afinal, educação?

Chesterton escreveu que a “educação é a alma da sociedade sendo transmitida de uma geração a outra”. Numa linguagem mais antropológica, diríamos que, no processo de educação, a geração mais velha transmite à mais nova os valores, as regras, os modos de pensar, agir e sentir da comunidade. Essa definição de educação é universalmente válida, pois ela diz respeito à relevância da educação como fenômeno humano. Em qualquer lugar, em qualquer tempo, a geração mais velha imprime na mais jovem a marca da cultura tal como ela própria - a geração mais velha - a assimilou e introjetou. A geração mais jovem, por sua vez, assimila os ensinamentos da mais velha à sua maneira. E é precisamente à diferença entre a visão da mais jovem e a visão da mais velha que chamamos de “inovação cultural”.

Essa perspectiva é importante, mas ela não resolve todo o nosso problema. Pois o processo de educação também precisa ser pensado do ponto de vista interindividual, ou seja, do ponto de vista da relação que se estabelece entre quem educa e quem é educado. O que acontece ali? Qual é o conceito de educação que nos permite compreender a relação educativa em si?